Choque na Marcha da Maconha de São Paulo

*Por André Barros

Um dia antes deste sábado, dia 21 de maio, um Desembargador proibiu a Marcha da Maconha de São Paulo, assim como havia acontecido no ano passado. Chegando ao pátio do MASP na hora marcada para o evento, fiquei surpreso com a grande quantidade de pessoas que já estavam ali, mais de quinhentas. Como no ano anterior, havia sido feito um acordo com a polícia e a Marcha seria realizada pela liberdade de expressão, sem cartazes ou camisas com alusões à maconha. Num dos cantos do pátio, uns quinze neo-nazistas provocavam os manifestantes pedindo a prisão dos maconheiros, enquanto a multidão cantava “eu sou maconheiro com muito orgulho, com muito amor”. Uma briga se prenunciava, já que a ilegalidade imposta por uma decisão monocrática quase a propiciou. Se a Constituição fosse respeitada, como estabelece o inciso XVI do artigo 5º, essa situação seria impossível, já que o inciso prevê a proibição de marcar outra reunião no mesmo lugar de outra anteriormente convocada : “XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;”. Como os manifestantes eram da paz, não caíram na provocação e, na empolgação, começaram a ocupar a avenida Paulista. Continue lendo

Marcha da Maconha São Paulo foi proibida. Manifestantes decidem marchar.

São Paulo, 8 de abril. Manifestantes neo-nazistas, racistas e homofóbicos se reúnem NO MASP com proteção policial.

São Paulo, 16 e 17 de abril. Marcha da Maconha distribui 18 mil panfletos durante a Virada Cultural, inclusive para policiais. Durante os meses de abril e maio outros 50 mil foram distribuídos.

28 de abril. 17 manifestantes da Marcha têm Habeas Corpus preventivo aprovado pelo juiz Davi Capelatto. “Não há nada que comprove a finalidade ilícita do movimento”, afirmou o juiz.

São Paulo, 10 de maio de 2011. Prefeitura e Secretaria de Segurança Pública são informados, por ofício, da realização da Marcha da Maconha, de seu trajeto e suas intenções políticas.

São Paulo, 20 de maio de 2011. Polícia Militar convoca manifestantes da Marcha da Maconha para uma reunião. A pauta era combinar trajeto e outros detalhes para garantir a segurança do evento no dia seguinte. Foram informados dos objetivos da manifestação e qualificaram-na como “democrática”, garantido sua realização e acompanhamento.

São Paulo, 20 de maio, FIM DE TARDE. Justiça comunica proibição da Marcha da Maconha, sem que haja a menor condição de recorrermos. Continue lendo

PM ignora a Constituição Federal e detém militantes da Marcha da Maconha

Neste sábado, enquanto a Marcha da Maconha do Rio de Janeiro acontecia com mais de 3 mil pessoas, ativistas reunidos em uma ofícina no MASP, em São Paulo, pacificamente pintavam cartazes e panfletavam quando, às 16h da tarde, uma unidade da Polícia Militar intimou 3 militantes, dos mais de 20 ali presentes, para comparecer ao 78ª DP para responder pelo crime de apologia às drogas.

Os futuros manifestantes tinham em mãos um Hábeas Corpus, concedido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que autoriza a Marcha da Maconha do dia 21 de maio. Continue lendo

Maconha terapêutica: emprego oficial em hospitais e sanatórios

Experiências positivas com o uso terapêutico da maconha em crianças e idosos despertou grande interesse e está em discussão nos principais centros europeus dedicados ao direito de a pessoa terminar a vida com dignidade. Em outras palavras, começa a se estabelecer uma correlação entre direitos humanos e emprego terapêutico de droga proibida por Convenção das Nações Unidas. Tudo parte de um fato concreto, feito às claras pela primeira vez no planeta. Em hospitais e sanatórios do Estado de Israel emprega-se maconha em tratamentos. E Israel é  um país adepto do proibicionismo norte-americano quanto ao consumo lúdico. Não mais, com relação ao emprego da maconha em terapias.

Desconstruindo os argumentos que sustentam a guerra às drogas

O fracasso da guerra às drogas vai muito além do já reconhecido desperdício de dinheiro público em uma política que recebeu status internacional de “enxugar gelo”. O foco da repressão armada apontada quase que exclusivamente para a ponta final do negócio das drogas produz um resultado desastroso do ponto de vista social, além de ser pouco eficiente em relação aos objetivos declarados.

Quando se pensa em combate as drogas a primeira imagem que costuma surgir na mente do cidadão comum e da polícia invadindo uma favela e prendendo meia dúzia de “traficantes” sujos e sem camisa, além de alguns tabletes de droga. Em seguida, a grande imprensa oferece ao público a história de uma vitória na luta do bem contra o mal sem fazer nenhum tipo de reflexão sobre a eficácia daquela ação. Continue lendo